Por Welter Benicio
Imagem: Welter Benicio
O que o Brasil deve esperar de Brasília? Nada! Isso mesmo, nada. Não que eu ache que tudo que vem dali seja ruim, muito pelo contrário. Mas, a economia deve continuar reagindo muito lentamente e o desemprego deve, infelizmente, continuar estável sem as reformas estruturantes. Embora meu viés não seja otimista, não recomendo que ninguém paute decisões com base nessa expectativa e nem recomendo que se dê muita atenção aos maus augúrios espalhados todos os dias através das diversas mídias. Certamente que continuaremos a convergir para algo bom na economia se os bravos geradores de riqueza, nossos empreendedores e gestores da administração pública e privada, apostarem e investirem no seguinte:
Inovação – simplesmente porque as organizações necessitam de novas descobertas e estratégias que as permitam crescer, prosperar e sobreviver e isto não quer dizer somente gerar novos produtos ou tecnologias que encantem os “geekers”, mas também reformular processos, estruturas, modelo de negócios, uso de ativos, serviços, canais, marcas e o engajamento dos clientes com vistas a uma vantagem competitiva duradoura. A boa notícia é que, ao contrário do que muitos pensam, é possível criar um processo estruturado de inovação (um “framework” interessante é proposto pela www.doblin.com);
Flexibilização do staff (staff on demand) – porque manter um staff fixo cobrindo todas as funções das organizações reduz a margem de manobra quando se busca competitividade nos custos e eficiência e porque a crescente velocidade das mudanças reduz a vida útil das habilidades adquiridas pelos indivíduos, o que requer custosos investimentos em treinamento e sólida gestão do staff próprio. Flexibilizar custos com pessoal sem comprometer o pool de conhecimento da organização é possível com o uso de profissionais e funções contratados no mercado para cumprir tarefas ou solucionar problemas específicos, graças à queda dos custos de transação na contratação do trabalho. Empresas norte-americanas, por exemplo, têm terceirizado os esforços de inovação e solução de problemas lançando mão da imensa capacidade e conhecimento disponível no mercado, reduzindo a necessidade de staffs fixos em algumas áreas (ver serviços prestados pela www.kaggle.com).
Treinamento – porque nunca foi tão fácil adquirir conhecimento, o que torna o aprendizado contínuo não mais um fator de diferenciação, mas uma questão de sobrevivência. Dado que a concorrência entre as empresas com fins lucrativos ocorre a nível global, investir em treinamento é crucial, mesmo quando a concorrência local não se preocupa com o assunto. Felizmente, através do EAD (ensino à distância), o conhecimento estruturado em infindáveis temas pode ser encontrado em inúmeras plataformas e sites de instituições desconhecidas e renomadas tornando possível adquirir conhecimento em qualquer lugar e hora;
Algoritmos – porque nunca se gerou tanta informação (dados) na história da humanidade, que uma vez organizada e analisada adequadamente pode resultar em estratégias, decisões e ações competitivas para as organizações. Algoritmos especiais se alimentam dessa montanha de dados que cresce exponencialmente (73.5 zettabytes, ou 73.5 seguidos de 21 zeros, até 2020, segundo a Computer Sciences Corporation) e permitem a automatização de tarefas até recentemente realizadas somente por seres humanos. Algoritmos baseados em aprendizado de máquina (robôs), ou “machine learning”, por exemplo, permitem a realização de tarefas novas e desconhecidas com base em dados históricos e estatística e são usados atualmente por bancos, empresas de serviço na internet, no marketing digital e no controle de tráfego aéreo, entre outros. Esses robôs virtuais são extremamente velozes ao trabalhar com dados espalhados na rede (web) e geram respostas que evitam as armadilhas do otimismo, do pessimismo, dos vieses e da subjetividade humanas, aumentando as chances de que as decisões tomadas sejam eficientes;
Compartilhamento de ativos – porque a economia do compartilhamento também serve para as organizações (e não só para os indivíduos) e permite a redução do capital imobilizado, tornando-as mais enxutas e ágeis, além de reduzir a necessidade de capital para expansões e novos investimentos. Com a informatização, o planejamento e controle da produção (PCP) pode ser expandido para fora da organização industrial quando se objetiva aluguel de ativos não estratégicos como meios de transporte, máquinas e até plantas inteiras. Nos Estados Unidos, por exemplo, empresas e indivíduos podem alugar plantas modernas da empresa TechShop para realizarem seus trabalhos e exercerem suas criatividades, podendo o ativo ser alugado por um período único (spot) ou como parte de um programa de assinatura para períodos frequentes.
Criação de comunidades – porque o potencial gerador de valor de comunidades que compartilham com algumas organizações as mesmas crenças, valores, hobbies, cultura, gostos, paixões, etc., é gigantesco. Através do envolvimento das comunidades na solução de problemas, no desenvolvimento de tecnologias ou simplesmente na troca de informação, empresas podem gerar valor com investimentos de baixíssimo custo. Tais comunidades podem ser criadas e nutridas através das redes sociais da internet já existentes ou através de plataformas criadas com o propósito específico. A comunidade DYI Drone, por exemplo, conta com cerca de 60.000 membros com conhecimento específico que compartilham a paixão por veículos não tripulados e já foi capaz de projetar e construir um drone similar ao Predator, usado pelas forças armadas norte-americanas.